Sei-me um mistério, porque eu próprio não logro desvendar-me. Mas duvido que algum dia eu haja deveras tentado penetrar e explorar as mais remotas áreas do meu misterioso eu, simplesmente porque temo. Temo-me, é isso! Prefiro então, não conhecer-me a fundo e gozar o meu gosto de sonhar-me diferente, lá, no âmago aparentemente hermético, onde as incertezas do que serei ou poderia ser, contrabalançam as decepções das certezas pelo que de fato não sou…
Sonho…e enquanto sonho,
desenho um mundo risonho
onde se não morre nem mata
Um mundo de faz-de-conta,
no qual o tempo não conta,
tão belo que só o sonho o retrata…
Acordo e nada, nada, fica de nada
da orgíaca miragem no vazio evaporada!
Sou todo incredulidade, sem nexo!
Agora, eu era um rei sem trono,
estranha alma, estendida ao abandono
aberrante imagem em espelho convexo.
[…] Falar de mim…. […]
Deu para ficar ultra orgulhoso, caríssimo Beto Queiróz!