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Archive for Abril, 2021

Pesadelo

Amanheci meu domingo envolvido em sonhos ruins, tardios e doentios. Por uma última vez, sentei na cama como repetidamente o havia feito durante a madrugada. Cada sonho, bom ou mau, é um elo de uma corrente emanilhada a uma âncora unhada ao leito da minha vida. Hora o leito é lodoso e solta a âncora a arrastar-me com a força dos ventos em direção às incertezas e inseguranças, hora se finca firmemente em mais sólidas e credíveis formações. Nas minhas noites mais intranquilas, a insônia força-me a um jogo aleatório de escolha de um dos muitos sonhos contidos nos elos dessa amarra. Nesta tempestuosa madrugada, o ferro desunhou e fui arrastado para o pesadelo vivido e que há 47 anos não esqueço, não perdoo…

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Espuma

Rolam e espumam fracas vagas,

contra as nuas rochas na baixa-mar

Eu as desnudo com meu olhar

triste e tão sombrio quanto as fragas…

sobre as quais me quedo a meditar

enquanto a preamar não as galgar

e meus sapatos começar a molhar…

Sinto saudade do futuro, quem diria

pois não sou mais o que terei sido

ou do que acaso me terei convencido

de tão especial que me unia à poesia

Mas oh tristeza! Sinto-me desiludido…

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Passo lento

Caminhada matinal sentindo aquela dificuldade que tão recentemente passei a enfrentar. Nina largou da minha mão e afastou-se de mim no seu ritmo de alguns 5kms/hora que eu não mais consigo fazer. O meu passinho hesitante permite-me, por outro lado, ser mais observador do que me rodeia. Por exemplo, camisetas com frases estúpidas ou inteligíveis, ou bem-humoradas tais como: “Rola Cansada Futebol Club” entre os velhos do carteado. Vejo uma vistosa cadelinha com o nome bem visível na trela – Holly era o nomezinho da bichinha que acabara de largar um perfumado presente na calçada, que o bípede que a pastorava tratou, resignadíssimo, de recolher para um contentor próprio que portava. Imaginei que o homem pastorava caninos profissionalmente, porque dele não escutei nenhuma praga do tipo “ HOLLY SHIT!”, que até caberia no momento e que mereceria todo o meu apoio. O que não falta é cagão de calçada, sendo que boa parte dos dejetos são pelos canídeos largados e depois pisados au hasard por mim ou por ti, enquanto de olhar vagueado pelas “atraências” passantes, embasbacantes e impossíveis para quem atingiu a terceira dentição…

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Recuo

Conforme avanço na idade, recuo na capacidade. Sequer sou capaz de segurar amizades, que surpreendo perdidas porque por mim não foram nutridas. Ou por razões outras que preferi chamar de “desconhecidas”. Agora eu sou uma outra personalidade à qual retirei parte da racionalidade que sempre disse a mim próprio possuir. Se racionalidade possuía ou não, não sei e nem mais faço questão. Dou voz ao meu combalido e fibrilado coração. Ele sim, merece especial atenção…

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Voltei a casa com um ramo de flores;

As Rosas, acredito, mitigam as dores

e poderão alegrar nosso convívio…

A chama da relação enfraqueceu,

o silêncio é o que mais prevaleceu

entre estas paredes, dia após dia, sem alívio…

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Sexta

Santa Sexta com dia glorioso, caminhada em passadas medicinais com cenário de encher a alma de agradecimento e gentileza. Agradecimento por ainda ter pernas para caminhar, pulmão para respirar, coração batendo ainda que arrítmico, gentileza para gerar gentileza por onde as passadas me conduzem…

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